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06 dezembro, 2012

Quando danças à espera do meu abraço... - Alexandre de Castro

Quando danças à espera do meu abraço...


Pluma de uma dança esvoaçante, silhueta de luz
flutuante, na delicadeza dos teus passos
o corpo a desdobrar-se, ganhando formas 
e sentidos em constantes movimentos.
Ondulações suaves na busca da harmonia,
cortando o ar ao dardejar dos braços,
em apelos vibrantes ao fogo do meu olhar
e a cavalgar os hinos de sinfonias mitológicas,
que decifras a cada instante.

Sinto o bafo quente que exalas quando falas
desse teu corpo que se eleva, suspenso e tenso,
numa leveza etérea, ausência de gravidade
que a todos amarra à Terra,
e és uma linha firme, o fio de uma lâmina
brilhando no firmamento,
na apoteose final do meu abraço...


Alexandre de Castro
Lisboa, Novembro de 2012

Poema oferecido ao "Sussurros" pelo seu autor.

(imagem retirada da net)

03 novembro, 2012

O meu nome na tua boca… - Alexandre de Castro


O grito - o célebre quadro de Edvard Munch.

O meu nome na tua boca…

O meu nome na tua boca
é sal que queima e abrasa
é dor longínqua que se sente
é fogo incandescente,
é brasa que ainda arde.

O meu nome na tua boca
é grito desesperado
sufoco reprimido
saudades do passado
um fruto destruído.

O meu nome na tua boca
é ferida ensanguentada,
gume frio de espada
ponta fina
de um punhal de prata

O meu nome na tua boca
é o campo de batalha devassado
onde jazem os despojos
de desejos destroçados.

O meu nome na tua boca
é vento suão, do deserto,
aridez
que tudo seca e mata
é tormento
é dor, é sofrimento,
cadáver de pássaro, a boiar na água
rio azul da tua e da minha solidão.

Alexandre de Castro
Lisboa, Outubro de 2012


http://alpendredalua.blogspot.be/2012/11/anotacao-do-tempo-o-meu-nome-na-tua-boca.html

26 junho, 2012

Dissertação sobre a ternura... -Alexandre de Castro



Dissertação sobre a ternura…


Um corpo de mulher que se esconde
na dobra de um recorte
uma boca que se abre à ternura do gesto
a mão de uma criança a desenhar a carícia…
E tudo se dissolve nos cambiantes da luz,
anulando as sombras,
como se o culminar da vida se fixasse
na exata precisão do instante…

Alexandre de Castro


Lisboa, Junho de 2012

Poema oferecido pelo autor ao Sussurros
Publicado também no Alpendre da Lua
http://alpendredalua.blogspot.be/2012/06/anotacao-do-tempo-dissertacao-sobre_30.html

11 junho, 2012

Quanto vale um sorriso?

Dissertação sobre a leveza da consciência...
À Sónia M
a "poeta" dos sentidos


Nem quando o sol irrompe pela janela
tu deixas de falar das nuvens e da chuva
como se essa cidade, onde vives,
tivesse sempre um céu pesado, da cor do chumbo.
Navegas no teu tempo de desconforto
fome das palavras que não chegam ao seu destino
como quando tropeçaste naquela criança abandonada,
a quem adiaste a morte,
num calendário incerto, que não dominas.
E o teu remorso, pela nobreza do teu gesto,
devolve-te a consciência à luz do dia
de que apenas te salvaste a ti própria,
no resguardo da memória.
A Humanidade, essa de que falas com vergonha,
numa acusação de revolta, que o teu grito rasga,
já se encontra condenada e irremediavelmente perdida.


Alexandre de Castro
Lisboa, Junho de 2012

http://alpendredalua.blogspot.be/2012/06/anotacao-do-tempo-dissertacao-sobre.html


Fiquei no tempo suspensa,
deslumbrada pelo momento
em que me soube eterna
nas memórias do poeta!
Quanto vale um sorriso?
Ou dar à alma o que é preciso?
E uma vida, quanto vale?
Enquanto eu transpiro alegria
Lá fora uma mãe chora
pela criança que morre faminta.
Mas nem a chuva ou o céu pesado
me roubam a ternura do momento.
Nada...nada importa!
Onde está a minha consciência agora?
Sónia M


Os meus agradecimentos a Alexandre de Castro ,
 por colocar o meu nome na eternidade de um poema!

03 junho, 2012

Dissertação sobre todos os regressos...- Alexandre de Castro


Dissertação sobre todos os regressos…


Eu sei que engoles as palavras
e engravidas o silêncio
nas noites assombradas
que devoram o teu sono
agarras-te às sombras
para continuar a resistires a todos os apelos
os alçapões onde te escondes
ameaçam enclausurar-te
e já não tens dedos para tantas grades
nem as preces a que te entregas
esconjuram os teus males
tropeças sempre quando foges
para regressar mais uma vez
ao ponto de partida…


Alexandre de Castro

30 maio, 2012

Dissertação sobre a teoria dos abrigos... -Alexandre de Castro



Chegas sempre com o orvalho da madrugada
transportas o vento e as palavras que eu quero ouvir
e, nos teus cabelos, a fragrância das essências
com que perfumas os teus poemas.
Também vem a tua voz sofrida, gasta pelos
encontros e desencontros nas esquinas.
Rios que não correm, fogos que não ardem
e as lágrimas dos teus olhos sepultadas no deserto.
E tu que querias agarrar o mar com a concha da tua mão
para deslumbrares o teu olhar,
como se aquele mar fosse o teu único destino
e não existissem outros refúgios para te abrigares!...


Alexandre de Castro

http://alpendredalua.blogspot.com/2012/05/anotacao-do-tempo-dissertacao-sobre.html