Mostrar mensagens com a etiqueta No fundo da gaveta. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta No fundo da gaveta. Mostrar todas as mensagens

12 junho, 2013

As cartas que nunca te entreguei II


(excerto)


Batias insistentemente a uma porta que eu nunca abria.
Chegavas sempre nos dias mais quentes, como um pássaro,
deixando na entrada as flores, que colhias nos campos por onde passavas.
Nunca te senti longe, nem perto, fora, ou dentro. Apenas sentia que estavas.
Pertencias ao que comigo nascera, como uma mão, um olho, um braço, ou um dedo, 
talvez metade de tudo o que o peito alberga. Eras assim uma parte minha, 
que encontrei num daqueles acasos em que eu nem acredito.
Foi no dia em que te esperei, com a porta aberta, que não chegaste.
Decifrei assim o meu primeiro enigma. O mistério do tempo das coisas. 
Porque mesmo o que é nosso, deve ser agarrado no tempo certo em que se percebe, 
se descobre, que sempre o foi.
(...)

Sónia M.



14 fevereiro, 2013

As cartas que nunca te entreguei... (excerto)


Parece que foi há tanto tempo, que fugíamos na noite,
sobre a proteção de uma lua risonha...

Acabávamos por dormir ao relento a contemplar um céu de estrelas fugazes.
Era a efemeridade do momento que o fazia eterno e, assim,
criámos um mundo livre do peso da vida, onde o Amor incendiava
o chão que nos fugia. 

Voltávamos a casa abraçados pelos primeiros raios de sol, 
olhando todo o Universo através dos olhos um do outro. 
E o mundo era imenso e nós maiores que o mundo!...

Sónia M

(Nem tudo o que se encontra no fundo da gaveta é mau, às vezes é nada mais que o Presente...)