28 fevereiro, 2021






aprendias a andar no escuro
traduzias o silêncio
com a claridade de um cego

construías janelas em lugares sem luz
e avançavas pela casa sem ruído 
delicadamente
sem assustar a solidão 

admiravas as paredes vazias
como se visses para lá dos abismos 
que as construíram 

tentavas abraçar todas as sombras
colocando uma luz
que não era mais que a tua
frente ao espelho da realidade

falavas em voo

como se algum céu 
esperasse ainda
pelo pássaro de pedra

meticulosamente esculpido 
nas mãos do destino...


©Sónia Micaelo 
(Texto e imagem)

12 comentários:


  1. Lindíssimo de ler. Deixo o meu elogio pela inspiração e criatividade poética.
    .
    Um domingo feliz
    Abraço
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  2. Boa tarde Sónia,
    Um poema muito belo.
    Há sempre lugar ao voo, apesar das sombras.
    Ha que dar asas à solidão.
    Beijinhos e saúde.
    Ailime

    ResponderEliminar
  3. Sónia
    A tua poesia é impar.
    Adorei este poema.
    Beijinhos
    :)

    ResponderEliminar
  4. Que consigamos sempre voar para além da nossa realidade.
    Maravilhoso poema
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  5. Gostei bastante deste poema e do seu blogue!:)
    *
    "A vida é uma passagem..."
    *
    Uma excelente noite de Domingo
    Beijos

    ResponderEliminar
  6. Sonia cuanta belleza
    hay en tus letras, te
    felicito por escribir
    tan lindo.

    Besitos dulces

    Siby

    ResponderEliminar
  7. Muito belo o que escreves Sónia! Um doce fascínio!

    Votos de uma boa semana para ti.
    Um beijo!

    ResponderEliminar
  8. Outro belo trabalho de linguagem.
    Basta um olhar atento para o campo semântico do poema para depreender o jogo tão bem construído com imagens e associações entre luz e sombra a atravessar cada verso e a pontuar o implícito diálogo entre o eu lírico e outro.
    Os verbos aprender, traduzir, construir, admirar que integram o corpo da linguagem contribuem com a ação para revelar o halo de compreensão que reina no universo de ambos (do eu e do outro).
    Por vezes, sou barroco no comentário...
    Um abraço,

    ResponderEliminar
  9. Gostei muito deste poema, é fabuloso do princípio ao fim.
    E vale a pena lê-lo mais que 1 vez, porque se vai descobrindo novos pormenores desta maravilhosa escrita. Parabéns pelo talento.
    Bom fim de semana, querida amiga Sónia.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  10. Quando a leio, cara Sónia, sinto nas suas palavras um misto de desilusão e esperança, com a primeira premissa com maior impacto. No entanto - é convicção minha - basta um ténue raio, por mais ténue, para que a esperança, seja lá no que for, se possa tornar num pequeno fio de água, cristalino, capaz de multiplicar o seu caudal. Eu acredito mesmo nisso.

    Um beijinho :)

    ResponderEliminar

NÃO SERÃO PUBLICADOS COMENTÁRIOS ANÓNIMOS