e nenhum verso te encontra.
- A luz mais lavada, que nos olhos me abra
uma certeza maior, que a da solidão da folha.
A mim, que nunca um deus me falou,
basta-me saber da aranha para acreditar na teia,
ouvir o trovão para saber da chuva.
E em tudo isto acredito.
Ensina-me, se souberes, a rezar a todos os deuses.
Que eu só sei falar ao vento, das estações que depressa passam.
De joelhos, como quem reza ou suplica, deixarei uma prece
aos pés da pedra. Farei de tudo, bem vês, que os meus frágeis ossos,
não suportam mais o peso, da ilusão que escorre pelas paredes da casa.
- Acende para mim uma luz, que já nenhum verso a encontra.
A luz mais lavada, a mais pura.
Acende...e que seja verde.Uma luz a mover corações de pedra.
Texto e imagem ,
Sónia M
Eu vejo, entendo, mas não me basta. Quero mais, tem que haver muito mais, só assim as coisas poderão fazer sentido...
ResponderEliminarÉ um pedido e tanto, Sónia, esse de "...Acende para mim uma luz, que já nenhum verso a encontra". Mas a Sónia tem o essencial a lucidez. O resto vem por acréscimo.
Gostei muito!
Um beijinho :)
Qual esplêndida sacerdotisa.
ResponderEliminar«A mim, que nunca um deus me falou,
ResponderEliminarbasta-me saber da aranha para acreditar na teia...»
Lapidar, Sónia.
Abraço
Acreditar naquilo que já se viu e de que se tem a certeza, não é proeza nenhuma.
ResponderEliminarAcreditar em Deus e ter fé, é mesmo uma grande proeza. Porque acreditar é não ter a certeza.
Já tentei acreditar, mas continuo agnóstico que nem uma pedra...
Proeza, isso sim, a que interessa aqui, afinal, é fazer poesia desta envergadura.
Parabéns pela excelência deste teu poema.
Mas também gostei da foto.
Sónia, tem um bom resto de semana.
Beijo.
PS: já há muito tempo que aqui não vinha... perdemo-nos algures no tempo... mas gostei de voltar.
Não creio mas acredito
ResponderEliminarque todos somos eminentemente religiosos
mesmo sem um deus
Bj
Buona domenica...ciao.
ResponderEliminarA luz... o vento apaga.
ResponderEliminarMuito bom! Filosofia, verdade, poesia...
ResponderEliminarUm abraço
Todos nós andamos à procura dessa luz que não conseguimos ver, mergulhados que estamos na escuridão da cegueira de todos os infinitos.
ResponderEliminarBelo poema, Sónia. Digno de poder figurar em qualquer antologia poética.
"nenhum verso te encontra", Sónia. Espero que todas as luzes do universo se acendam, para iluminar os caminhos a todos aqueles que te procuram.
ResponderEliminarGostei de reler o teu excelente poema.
ResponderEliminarMas faz e publica mais...
Sónia, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Mesmo não acreditando
ResponderEliminaruma prece um sussurro
pode mudar o destino?
Quem sabe se a folha só
no desamparo nega
a solidão e cai
num afago de mãos?
Gostei do teu poema.
Bj.
há um deus por dentro...
ResponderEliminaronde somos firmamento.
(das estrelas nascemos e a elas pertencemos
como este poema que luz é.)