De tanto olhar pelo olho de vidro da dor
secaram-se-me os olhos.
Faço-me e desfaço-me em pele por vestir
um olhar apagado no passar dos teus dias
onde não me acho real.
O tempo habitua a dor para que já não doa.
Depois que se entende tudo é um denso vazio
a apontar o lugar onde antes havia uma ferida.
Ali esgravato para que sangre sobre a folha
duas ou três gotas de um verso só
onde um mundo gira ao contrário
para chegar ao encontro das horas.
Amarro o teu nome à palavra instante
antes que durma
e até por detrás do véu dos sonhos
o instante não é nome
ou palavra mais ou menos que seja
do que aquilo que na minha noite mergulha:
- coisa nenhuma.
O relógio marca a ilusão
de um amanhã que não chega.
Ainda assim te digo
até amanhã...
Sónia M
Belo poema escrito na fonte das águas de beber
ResponderEliminarOlá, Sónia
ResponderEliminarUm belo poema de desamor que ainda assim espera um amanhã.
Gostei muito da expressividade que tomou conta da dinâmica do poema. Ressaltam dele momentos de dolorosa emoção como "ali esgravato para que sangre sobre a folha duas ou três gotas de um verso só" ou "amarro o teu nome à palavra instante antes que durma ... - coisa nenhuma".
Boa noite e faz-me o favor de ser feliz.
Parece-me ter ouvido um sussurro...
ResponderEliminarBj
Sónia
ResponderEliminarLevei o poema por empréstimo.
obrigada!
Saudações poéticas
Bea
Sou eu que agradeço, Bea.
EliminarBeijo
O amanhã é sempre uma incerteza.
ResponderEliminarBelíssimo poema.
Aproveito para desejar um Natal muito Feliz e um excelente Ano Novo.
Beijinhos
Maria
Um poema de antologia... Belo e grandioso, a descrever os sentimentos de quem sente.
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