06 setembro, 2015

...



do avesso a terra estremece
e as árvores sacodem os ninhos

com as penas farei um telhado
que me abrigue desta chuva ácida

com o sangue desenharei uma janela
e nela deixarei pendurado um grito

se já não sou da terra que trago no peito
farei do vento a minha casa

a partir de hoje
já não quero ser homem, nem mulher ou menina
serei apenas o pássaro da minha cabeça

e voltarei a partir
para lá desta lonjura

onde talvez
com um golpe de sorte
ou de asas
também me vejas...

Sónia M

(Não. Isto não é um poema de amor...)


Imagem de Sophia Alexis
http://www.flickr.com/photos/sophiaalexis/8701389195/in/photostream

7 comentários:

  1. e o amor voa longe...
    lindos versos!
    beijo.

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  2. teu voo vai longe...

    tens asas coloridas...

    beijo

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  3. nem todos os poemas são de amor.
    mas depende de como se lê, este pode ser, sim.
    e de asas se fazem o voo dos pássaros.
    beijo
    :)

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  4. Na elegante e fina escrita da tua pena

    Às vezes é preciso acordar o silêncio da memória
    Ou esperar pelo adormecimento inadiável
    Com o gesto sereno e demorado da ternura
    Com o acordar do amor rompendo o improvável


    Um radioso fim de semana



    Doce beijo

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  5. Inventaram as lentes,
    progressivas,
    mas não são solução.

    Vê-se bem ao longe,
    só depois, eu sei,
    pela força do desejo.

    Cá por mim,
    quando fecho os olhos
    e beijo é que vejo.

    Boa semana, Sónia éMe.

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