16 outubro, 2014
.
A minha mãe nunca me disse que do asfalto
cresciam garrotes a estrangular a vida.
E que as janelas para a rua, teriam grades
e cortinas pesadas, por onde o sol pouco passa.
Ainda me iludi, por instantes, com a maciez
do chão desta sala e com os fatos de casaco e gravata.
Mas esta manhã reparei que pisava penas;
a suavidade de umas penas, que em tempos já foram asas.
Ontem o meu filho perguntou-me
porque caem as folhas das árvores.
E eu deitei-me ao seu lado e inventei-lhe um conto,
daqueles que fazem o mundo bonito.
Cada vez que o olhava, podia ver-me, através dos seus olhos
de encanto. Lembrei-me da minha mãe, que tantas vezes
se deve ter visto nos meus, quando eu acreditava que o mundo
era feito à medida das suas histórias.
Sónia M
Pintura:
GLÊNIO BIANCHETTI - Mãe e filho - Acrílico sobre fundo sólido
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Meus aplausos Sônia, por esta maravilha de obra. Feliz dia querida. Bjs
ResponderEliminarMas era bom acreditar num mundo feito à medida das histórias que os mais velhos nos contavam.
ResponderEliminarExcelente poema, gostei imenso.
Tem um bom resto de semana, querida amiga Sónia.
Beijo.
Um dia seremos de novo crianças
ResponderEliminarUma ternura o seu texto
as mães contam estórias para nos proteger ....
ResponderEliminarque bonito e comovente....
:)
O Sónia,
ResponderEliminarVocê escreve com a delicadeza de um anjo. Contar estórias para filhos a gente entra num lindo mundo da imaginação.
Obrigada pelo carinho
Beijos no coração
Lua Singular
É espantosa a facilidade com vamos lá dentro e trazemos para fora a criança que sobrevive em nós.
ResponderEliminarBoa tarde, Sónia
Felizes do que a sentem (a criança) ainda viva...
EliminarBoa tarde, JM.
Obrigada a todos pelas visitas e comentários.
Votos de um excelente fim de semana.
O meu abraço.
Inocencia y candidez en una maravillosa Entrada, donde las hojas de los árboles caen para, mas tarde, renovar el Paisaje, las conciencias, incertidumbres y sueños que forman parte de nuestra Vida.
ResponderEliminarInvención de cuentos al lado de una criatura que es demostración de vida y de curiosidad desbordante y nos hace sentir, de nuevo, nuestra inocencia y fantasía...Preciosa Entrada, Sonia.
No he podido contestarte antes, por que desde el Viernes pasado he estado ingresado en el Hospital de Oviedo a causa de un amago leve de Infarto que me ha dado. Las Defensas, después de la Quimioterapia, quedan debilitadas y surgió este inesperado percance. Hoy me han dado el Alta y g.a.D Todo ha quedado en un susto, sin dejar lesiones ni secuelas de ningún Tipo, afortunadamente.
Abraços e Beijos.
A vida é perita em nos colocar o pé à frente...
EliminarFico feliz, Pedro, que tudo não tenha passado de um susto.
Tombar, erguer e voltar a caminhar, é uma coragem que nem todos têm, mas que o Pedro, felizmente, tem na conta certa.
Um beso y un abrazo.
Boa noite Sónia, tão lindo e terno o seu poema que até o mar me desliza no rosto!
ResponderEliminarUm beijinho muito grande.
Bom fim de semana.
Ailime
de voz em voz, perpassa o sonho e se acrescenta mundo ao mundo...
ResponderEliminarainda que as asas se façam penas...
beijo
Bom dia, escreveu um encanto, considero que homenageou todas as mães quando sentiu que existe e sempre existirá, dentro de si o lado maravilhoso e inesquecível de criança, "todos somos assim."
ResponderEliminarAG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
De uma sensibilidade que arrepia.
ResponderEliminarBjo e bom fim de semana.
MUY BONITO TU TEXTO. ME GUSTA.
ResponderEliminarBESOS
¡¡¡Gracias, Sonia, por estar siempre ahí, dándome todo tu apoyo y ánimo!!!
ResponderEliminarSabes que te quiero un montón y tu energía me motiva y llena mi Espíritu.
Abraços e Beijos.
a suavidade de umas penas, que em tempos já foram asas.
ResponderEliminar------
Foram penas que já voaram !
---
Felicidades
MANUEL
Olá Sónia!
ResponderEliminarHoje lhe digo, não sussurros, mas sim em alto e bom tom que adorei á tua reflexão; disseste em soberbos versos o que nós todos, queiramos ou não, saudados recordamos...
Abraço.
Tão bonito, tão doçe!
ResponderEliminarbjs
Beijinho Sónia e obrigado!
ResponderEliminarNeste poema, apesar da melodia doce que escorre das palavras, exibe-se poeticamente, e numa gestão metafórica harmoniosa, o profundo conflito fractal entre o sonho (da criança) e a realidade (do adulto). Duas estruturas da vida de cada um de nós, fragmentadas e irregulares, que se conjugam, ao nível da percepção, em escalas diferentes. A mãe, que já foi criança, prolonga o mito, para que ele se perpetue geracionalmente, embora reconheça que pisou penas, "que em tempos foram asas", metáfora grandiosa, que marca definitivamente todo o alinhamento deste excelente poema.
ResponderEliminarSimplesmente maravilhoso.
ResponderEliminarCom o passar dos tempos, a magia das histórias de criança vai-se perdendo com as agruras da vida, mas conseguimos ainda iluminar as histórias de encantar que lemos para os nossos filhos.
Bom restinho de domingo
Beijinho
Maria
Um poema comovente!
ResponderEliminarAcreditamos em crianças em todas as histórias, sobretudo nas histórias que as mães nos contam. Mais tarde pisamos esse chão atapetado de penas que terão sido asas, e continuamos a dar asas aos nossos filhos através das histórias que lhes contamos.
Excelente, Sónia. O teu filho é um felizardo por ter uma mãe que conta histórias.
xx
Sónia: Um lindo poema e comovente, nossas mães nos contavam essas essas histórias, eu costume dizer e fazer contar a realidade das coisas, nunca inventando historias que não sejam reais amei ler.
ResponderEliminarBeijos
Santa Cru
Hoje, aos sussurros, lhe deixo meus votos de um final de semana maravilhoso!
ResponderEliminarMas ainda podemos sonhar, mesmo que sem a credibilidade que colocamos em nossos pais. Uma composição belíssima Sônia, estou feliz em voltar aqui. bjs.
ResponderEliminar