08 janeiro, 2014
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Não queria escrever-te.
As palavras permanecem mortas nesta folha de papel,
sem haver quem as declame ou as cante aos quatro ventos.
Tal como as folhas secas de outros outonos,
quando chega o inverno, que as varre até ao rio,
onde apodrecem e se afoga o que delas resta.
Nem sempre foi assim.
Houve um tempo em que as estações não nos atingiam,
passavam todas ao lado.
Aqui dentro era sempre primavera florida,
regada com a seiva que fluía dos nossos corpos.
Nunca admitimos a chegada das estações.
E porque nunca admitimos, existia apenas uma.
Éramos invencíveis!
Não te admito que o esqueças e muito menos
que baixes os braços. Não tenho mãos que cheguem
para afastar os temporais e do lado de cá, já pouco resta.
A solidão enfraquece-me tanto quanto a ti.
E o mundo pesa mais para quem está só.
Por isso hoje não queria escrever-te.
Sei que esta folha, mal me caia das mãos,
seguirá o curso das estações.
Deixando-nos a sós com o silêncio das árvores.
Sónia M
Imagem, © Pejac
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mas faz bem escrever.
ResponderEliminare tu escreves muito bem, mesmo que sejam coisas menos alegres.
um beijo
:)
[meu coração não gosta
ResponderEliminarquando se desarrumam suas certezas]
...dias melhores pra sempre!
beij0
Não admitamos então, que se baixe os braços e se calem as vozes. Nunca.
ResponderEliminarBeijos e mais beijos.
Mas as tuas palavras quebram esse silêncio e aqui a poesia não morreu :))
ResponderEliminarBeijo
ResponderEliminarTocou-me particularmente este texto.
Beijinho, Sónia
Esa continua Florida y exuberante Primavera que se preveía siempre vergel y selva de aromas, ahora deja paso a esas hojas que sigue su curso en la corriente de las Estaciones, dejando de aromas de Nostalgia y Soledad; pero, también, por su condición esas hojas provocarán ese Milagro de Renovación de un Paisaje que, antes, se antojaba sólo Tormentas y Nubarrones...¡¡¡Precioso, como siempre, Sonia!!!
ResponderEliminarAbraços e Beijos.
Belíssima a prosa poética que (apesar de tudo) nos aponta o caminho da Primavera.
ResponderEliminar:)
Um abraço de relâmpagos
ResponderEliminarBjs tantos
Sonia,
ResponderEliminarEmbora as vezes as estações nos angustiem,
todas elas passam. O silencio das arvores sempre é bom
para ouvir.
Muito lindo, Sonia
Beijos
Oi Sónia,
ResponderEliminarNão deixe a tristeza vencer nenhuma estação, pois elas têm vidas curtas e a sua longa e cheia de belas expectativas.
Um beijo
Lua Singular
Hola Sónia, buenas tardes,
ResponderEliminarmaravilloso escrito!
me encantó sentir pasar las estaciones de largo...
te diré más, por un momento percibí las flores de aquella primavera eterna =)
Te deseo una fantástica noche
un cálido abrazo
As árvores caem de pé, e não é porque querem, que o sonho de uma árvore é alcançar o Sol.
ResponderEliminarEntão sejamos árvores... (O cair das folhas é renovação).
Maravilhoso!
ResponderEliminarBeijo :)
Mas, o que é verdade é que a escrita liberta-nos... E tem a vantagem de não desgastar-se com a mudança das estações. Poderá ser sempre Inverno, Outono, Verão ou Primavera, conforme cada um pretenda. Eu sempre gostei do Inverno, porque é a estação em que posso mergulhar no nevoeiro, não para me esconder, mas sentir as suas carícias.
ResponderEliminarHaverá sempre alguém que declame o poema...
ResponderEliminarHaverá sempre alguém que se encante nos labirintos do encantamento, atravessando o ”curso das estações”.