Ela era apenas uma gaiata,
no tempo em que ainda se podia brincar na rua.
Todos os dias no caminho para a escola, encontrava o Sr. Joaquim e a D. Amélia
à porta de casa, sentados numa daquelas cadeiras de verga, que o próprio
Sr. Joaquim continuava ainda a fazer, apesar da sua avançada idade.
Quase todos os dias a gaiata lhes trazia o pão. Às vezes as compras da mercearia.
Era sempre recompensada com uma deliciosa fatia de bolo.
-Toma lá gaiata! Estás tão magrinha! Ainda deve estar quentinho.
Ela gostava deles. Eram sempre doces, simpáticos, faziam tudo juntos.
Mas o que ela mais gostava, era de subir a rua em direção à escola,
mastigando aquele bolo com pedaços de noz!
Um dia, ao chegar perto da casa, deu de caras com uma ambulância parada na porta.
A porta aberta como sempre, mas as cadeiras vazias...
Lá de dentro tiraram a D. Amélia, deitada numa maca e enfiaram-na na ambulância...já ia morta.
O Sr. Joaquim tapava o rosto com as mãos e chorava, chorava muito!
Dizia baixinho o nome dela, uma...e outra vez.
Ficou assim, parado no meio da rua, como se olhasse para a sua vida
a desaparecer na curva. - Amélia, o que vou eu fazer sem ti...
Devagar, dirigiu-se para a porta, mas parou, como se não conseguisse entrar.
Até que se deixou cair na cadeira...
Ali estava ele, como sempre, sentado à porta de sua casa!
A gaiata continuava parada na esquina, como se estivesse colada ao chão.
De repente, reparou que ainda trazia o saco do pão e dirigiu-se ao Sr. Joaquim.
A casa já não cheirava a lavanda, como todos os dias, um perfume que se espalhava
logo pela manhã, por quase toda a rua.
Ele permanecia sentado, cabeça baixa, com as mãos no rosto molhado.
Estendeu-lhe o saco. Ele levantou a cabeça, olhou-a e balbuciou
- Hoje...não tens bolo, gaiata...
Virou costas e correu rua acima, como uma doida, sem reparar que também ela chorava.A partir daquele dia, sempre que ali passava, olhava a porta fechada, sem as cadeiras...sem vida.
Mentalmente dizia-lhes bom dia...até que um dia...deixou de o fazer!
Sónia M
Porque a história sempre se repete....
À Ti Violante
Para Ti, Gaiata!
ResponderEliminarUm Afago Doce em teu Coração!
E um Beijo... de muita Emoção!
¡ Hola! Agradable. Qué bien. Estas visitas son hermosas, y estoy disfrutando de interacción literaria. Le deseo un buen día! He leído con placer esta historia de vida.
ResponderEliminarComovente História, contada
ResponderEliminarSr. Joaquim e Dª. Amélia
Do bolo de noz, e da gaiata
Presenciando triste tragédia.
E o que faz o caracol
Com a casa às costas
Nos cornos apanhando sol
Devorador das hortas!
Amiga sabe como os alentejanos
apanham aquele bicho tão irrequieto?
Boa terça-feira para você,
um beijo
Eduardo.
Muy buen Relato, lleno de Sentimiento.
ResponderEliminarUn abrazo.
Vim por momentos me sentar aqui na sua cadeira, para nela lhe deixar o que ainda em mim há vivo.
ResponderEliminarGostei, gosto muito e...gostarei... (se é que a gaiata me entende)
Beijito e bom dia >;P aqui da Maria :)
Olá Sonia,
ResponderEliminarAdorei o conto! Achei magnífico, meus parabéns pelo texto, além de criativo original e sugestivo,irrepreensivelmente escrito!
Beijos.
Sutil e tocante, teu relato, gaiata.
ResponderEliminarAbraço!
Diz a comadre, não vá por aí,
ResponderEliminarAmigo Eduardo
Que não erra nenhuma, já percebi
Como verdadeiro alentejano
Amiga Sónia, o meu muito obrigado!
Tenho que inventar uma para ver se a engano?
Só na brincadeira, que não seja mal interpretado!
Do Alto ou do Baixo
Alentejo lindo é
Por causa do tacho
Quem paga a crise é o Zé!
Um beijo.
Amiga Sónia recebi um presente, e vou partilhá-los com mais 7 blogues amigos,e você é uma das amigas escolhidas. Passa lá no rima blog eu te dou uma flor, e pega ele leva-o contigo. É todo seu, que lhe ofereço com amizade!
ResponderEliminarBeijinho
Eduardo.
História um pouco triste e comovente, mas é a realidade da vida, todos nós para lá caminhamos!
ResponderEliminarO Compadri Eduardo e a Comadri Sónia, já parecem a professora e o Joãozinho, temos de promover a Sónia a Diretora Alentejana, porque as acerta todas!-:)
O meu grande abraço e continuação de boa disposição
Uma gaiata no tempo que ainda podia brincar na rua....
ResponderEliminarGostei muito, Sónia
Beijinho
Linda história.
ResponderEliminarMas toda história tem um fim, mas na vida cada final é um novo começo!
Beijo.
Hola Sónia, buenas noches,
ResponderEliminarhermosa historia,
un poco triste, pero hermosa
yo quisiera llegar a viejo
y ser parte de una historia asi.
te deseo un bonito miercoles
besitos "bonita"
Nossa Sónia, seu texto começou tão doce e terminou assim, triste....
ResponderEliminarInfelizmente a morte é algo com o qual já deveríamos ter nascido acostumados. Talvez a gente até seja acostumado, mas esquece-se disso durante o percurso da vida....
Terminei de ler o seu texto, me sentindo a gaiata e sentindo saudades da D. Amélia.
bjs
Um belíssimo texto minha amiga...beijos e beijos de bom dia.
ResponderEliminarBonito, bem estruturado e triste! Parabéns pelo texto!
ResponderEliminarPS: Adorei o novo layout!
Um beijo grande!
Por ver o caracol, me lembrei da feira de Castro Verde.
ResponderEliminarO compadri Joaquim
E a comadri Joaquina
Foram à feira de castro
Nunca tinham visto coisa assim
Uma menina
A dançar com um cágado
Acorrer chegou o caracol
E vinha muito zangado
Enrolado num lençol
Que antes tinhas roubado
Ele vinha de bicicleta
E a menina raptou
E com ela
No lençol se enrolou?
Boa quarta-feira para você,
um beijo
Eduardo.
Sónia minha querida amiga, Que lindo post! Confesso que veio lágrimas em meus olhos; pois sou muito sentimental, ainda mais com essa música de fundo.
ResponderEliminarMARAVILHOSO.
Beijos
São os caminhos que a vida não esquece de cumprir. Muito lindo. Beijinhos no teu coração!!
ResponderEliminarOla Sonia,
ResponderEliminarfecham ciclos e abrem-se outros.
Belo texto.
Beijos