23 novembro, 2013

Hoje é para ti que escrevo...




Nunca pensei em afogar os teus olhos.
Queria poli-los, até que o brilho da lua se refletisse neles.
As pequenas estrelas cadentes que te deixo na noite,
servem para que rasgues com elas, este céu de lonjuras.

Queria dar-te o Sol, aos pedaços, repartidos pelo dia.
E suaves brisas, que te envolvessem com o perfume
do jardim, onde te espero.

Queria que percebesses, que mandei parar o tempo.
Que sentisses a ausência do tic-tac em todos os relógios.

Que o mundo, não vai avançar um só segundo
... sem a pressa e a correria das horas, espera,
que toquemos juntos,a profundeza deste mar de sonhos.

Mas sabes? Nem sempre escrevo para ti.
Por vezes escrevo com os espinhos que trago cravados na pele,
ou com as flores que vi pelo caminho
e que ali deixei, agarradas à terra,
rodeadas do bater das asas de coloridas borboletas.
E nem sei bem porque o faço!
Talvez, para que nada se perca de mim.

Sei que o mar nem sempre traz sonhos coloridos,
que o céu, nem sempre é azul,
que a lua esconde o seu brilho nas nuvens negras,
das tormentas, que teimam em desabar em nós.
E que o vento, nem sempre é brisa.

E também sei,que o Tempo...apenas se ri...e ri...
com gargalhadas que me despertam e me fazem sentir,
que é tanto o tempo que perco, quando não te escrevo a ti.

Nunca pensei em afogar os teus olhos...
apenas queria sentir, como os meus se "afogam" nos teus.
E como tu, navegas em mim...

Sónia M


Pintura, Vicente Romero Redondo

(re-post)

15 comentários:

  1. Mais um poema de “amor” de Sónia M, onde extravasa um intimismo muito forte, a nortear o seu sentido. Desta vez, a autora recorreu à mesma metáfora envolvente, no início e no fim do poema. “Afogar os teus olhos” e “afogar os meus olhos nos teus” são expressões metafóricas eloquentes, que suportam todas as derivações do poema, derivações estas reportadas às contradições do “amor”, ali exposto como uma dádiva sofredora e até incompreendida, um “estado de alma” que, na poesia de Sónia M, é recorrente.
    Na poesia de Sónia M não há revolta, não há rebeldia, não há gritos. Uma serena e repousante tranquilidade escorre das palavras, onde apenas se “ouvem” murmúrios, lamentos e queixumes, além das manifestações expressivas de uma enorme energia sentimental a oferecer-se e a pedir uma partilha igual.

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  2. As tuas palavras espelham a textura sublime e a serenidade que sempre nos habituaste... Ainda dizem que os Anjos não existem... Arrepio-me sempre que te leio.
    Um beijinho

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  3. Muito lindo Sónia!
    Você descreve em seu poetar um amor
    além do horizonte,onde o mar nem sempre traz sonhos coloridos
    e nem sempre o céu é azul.
    Um pouco triste,mas delineado em lindas palavras.
    Parabéns
    bjs
    Carmen Lúcia-mamymilu
    .

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  4. Lindo como sempre Sónia.

    Beijinho e bom fim de semana.

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  5. Realmente, é verdade
    São tantas as lonjuras
    Nem com loucas aventuras
    Se esquece a saudade!

    Bom fim de semana para você,
    amiga Sónia, um beijo
    Eduardo.

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  6. Oi Sónia,
    Você escreve divinamente, acho até que está prontinha para escrever um livro. Eu amo o que escreve.
    Beijos
    Lua Singular

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  7. Boa noite Sónia, um poema genial escrito com a sua sublime alma de poeta. Parabéns! Um beijinho. Ailime

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  8. Assim vale a pena navegar os improváveis

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  9. Um poema para se navegar com esse olhar, muito suave. Um abraço, Yayá.

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  10. Navegar em marés calmas, é sinónimo duma chegada confortável a um porto seguro, era o que desejava para o meu país, mas apesar do frio inverno, o ambiente começa a aquecer, espero e desejo que não haja nenhuma explosão!
    Sem risco explosivo, cá vai o meu abraço.

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  11. Oi Sónia,
    Passando para lhe desejar um ótimo domingo e dizer-lhe que tem um " quebra cuca no Mundo dos Inocentes".kkk
    Beijos
    Lua Singular

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  12. Olá Sonia,
    muita classe e romantismo numa confissão de amor.
    Um abraço e bom domingo

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  13. um poema de amor e ternura, magistralmente bem escrito!

    gostei muito!

    :)

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