22 novembro, 2013

- Por Huberto Rohden -


Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.
Qual a razão última dessa mania de maledicência?
É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros. Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz. São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.
Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros. Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.
As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.

Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.

A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente. Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras. Fala-se muito por falar, para “matar tempo”. A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.
Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.

Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas.

Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.


( extraído do livro “A Essência da Amizade” – Huberto Rohden* – Editora Martin Claret).


Nota: 
Palavras anónimas não serão publicadas.

Votos de um excelente fim de semana a todos (anónimo(a) incluído).

10 comentários:

  1. Merci pour ce post, dont l'extrait du livre de H.Rohden est cité, beau partage.

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  2. Mais uma excelente partilha...obrigada! O dilema da palavra...bem ou mal empregue...dos que mal dizem de outros sei alguma coisa...são sempre no fundo infelizes, profundamente amargos!!!
    Bjs
    Maria

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  3. É mais facil destruir que construir... por isso essa "logica" é tão frequente...

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  4. Hola Sónia,
    buenas tardes,
    realmente interesante,
    un escrito para pensar y reflexionar.

    Te deseo un excelente fin de semana
    un abrazo

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  5. O Mal e o Bem são sempre subjectivos... e variáveis no tempo e no lugar!

    A Justiça, não! - Mas apenas, e só!, no julgamento das crianças!

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  6. Como diria Saramago, "As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas." Tudo depende...ou como alguém também dizia "As palavras podem ferir mais que punhais; e o tom, mais que as palavras."

    Quando elas, as palavras, servem para falar mal das misérias alheias naturalmente só valem o que vale o silêncio do ato. Ou o desprezo.

    Beijo

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  7. Palavras, por vezes, são tijolos: podem construir lindos e úteis abrigos de carinho e amizade, mas também podem construir muros capazes de dividir pessoas e sentimentos.

    Um abraço, Sónia!

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  8. Construir geralmente leva tempo, suor e por vezes até lágrimas! Destruir é muito mais fácil. Em apenas alguns segundos conseguimos destruir um sonho nosso ou de alguém, principalmente desacreditando...
    Este texto serve como desabafo para muitas situações que estamos passando na nossa sociedade. Qs palavras têm poder!
    Um beijinho!

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  9. A maldade humana já vem gravada dentro do nosso DNA por isso acho que é mais fácil falar dos outros. Aliás, um exemplo disso é quando no trabalho descobrimos que, até de quem achávamos eram nossos amigos, falam, inventam histórias pelas nossas costas e nós nem desconfiamos de nada. Texto corretíssimo. Beijos e ótimo final de semana Sônia. Beijos!!!

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    Respostas
    1. Mário Quintana disse e muito bem :

      "POEMINHA DO CONTRA

      Todos estes que aí estão
      Atravancando o meu caminho,
      Eles passarão.
      Eu passarinho!"

      Grata pelos vossos comentários.

      O meu abraço


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