23 outubro, 2013

.



Trazia infinitos na ponta dos dedos.
Com eles acariciava os cabelos
desgrenhados do vento.

Por varias vezes a vi
encostar a face às madrugadas
que um pássaro fugidio lhe trazia
enquanto as pedras
lhe segredavam aos pés
os segredos da terra.

Amiúde regressava ao inicio
onde o tempo não se conta por horas
onde o tempo é nada mais
que um corpo desabrigado
caminhando às cegas.

Antes que a luz de todos os quartos
lhe acendesse os olhos
beijava o avesso de todas as distâncias
com os seus lábios de cinza.

Depois adormecia.
Sabendo ser ela
a sede e o lume
aninhada
nos braços da palavra rasgada
que na luz
alguém voltaria a usar inteira.


Sónia M

19 comentários:

  1. Oi Sónia, eu passei aqui ontem, mas já era tarde e não conseguia me concentrar na leitura de tanto sono ia voltar agora e você chegou primeiro.
    Sónia: você escreve como uma escritora muito eficiente, edita um livro, além de comprá-lo faço propaganda gratuita dele.
    São lindos os seus escritos, sua cabeça é uma máquina de fazer escritos lindíssimos.
    Beijos
    Lua Singular

    ResponderEliminar
  2. Este poema estás lindíssimo...e que tal a ideia de compilares estes posts num livro? Não tenho duvidas que seria um êxito

    Adenda:
    Aproveito a oportunidade para te dizer que já estou definitivamente no blogger e que possivelmente, o Pensamentos Indecentes, vai ficar abandonado para memória futura!
    Um beijinho

    ResponderEliminar
  3. Infinitos na ponta dos dedos.
    O dedal terá perdido
    Ao vento libertos seus cabelos
    De tanto calor corpo ardido
    Lábios de cinza
    Beijo aquecido
    Apaixonada menina!

    Boa dia para você amiga Sónia,
    Saúde, paz, carinho, amor e alegria,
    Nunca faltem de noite nem dia.
    Um beijo
    Eduardo.

    ResponderEliminar
  4. Olá Sónia! Essa linda poesia parece feita de ausência e espera...e na melancolia da madrugada, lembra a mãe aguardando o filho que voltará...assim é a palavra esperando ser usada.
    Um grande abraço!

    Bíndi e Ghost

    ResponderEliminar
  5. Lindo poema amiga Sonia,uma espera
    por alguém que um dia retornará.
    Obrigada amiga pela visita e comentário.
    bjs
    Carmen Lúcia-mamymilu.

    ResponderEliminar
  6. Hola Sónia,
    buenas tardes,
    hermosamente escrito...
    la esperanza es el alimento de los pobres,
    mientras haya esperanza, habrá vida...

    Te deseo un excelente resto de jueves
    un beso

    ResponderEliminar
  7. Olá Sonia,

    Muita beleza e sensibilidade por aqui. Bem vinda ao meu recanto.
    Gostei muito deste texto poético, muito bem escrito e transbordando intensidade nas palavras e metáforas bem construídas.

    Volte sempre.

    Beijo e ótimo dia.

    ResponderEliminar
  8. Que dizer? deixas-me sempre com um sorriso nos lábios quando aqui venho....

    Essa palavra rasgada há-de ser pronunciada por inteiro um dia...

    Beijo

    ResponderEliminar
  9. Oi, Sónia.

    Que leveza, que sensibilidade, que encanto...

    Lindíssimo poema.

    ResponderEliminar
  10. lo traduje, pero no, mejor es el portugués
    ritmo, música, belleza
    saludos

    ResponderEliminar
  11. Belíssimo! Fiquei encantada com o todo do poema, mas estes versos "beijava o avesso de todas as distâncias" beijaram-me os olhos... D+
    Grande beijo!

    ResponderEliminar
  12. Belo texto, sensível, romântico, apaixonante!!
    Parabéns pelo blog e suas postagens,já estou te seguindo.
    Abraços.Sandra

    ResponderEliminar
  13. Grata a todos pelas visitas e comentário.
    O meu abraço

    ResponderEliminar
  14. Sónia,
    Há muito de belo nesse procurar, nesse insistente procurar...

    Beijo :)

    ResponderEliminar
  15. Sonia, querida, sua poética nos enleva, é mágica!! Me encantei com tua poesia!
    Parabénssssss! Adorei!!
    Beijos, Vilma

    ResponderEliminar
  16. Olá Sónia!
    A poesia é algo que te flui como a água de um ribeiro...ler-te é uma doçura que nos embala e nos transporta para um mundo maravilhoso! Parabéns!
    Beijos.
    M. Emília

    ResponderEliminar
  17. O segredo deste poema está na articulação da aparente insignificância do seu ponto de partida e na grandeza do ponto de chegada. Pelo caminho, um encadeamento metafórico bem estruturado, que consegue dilatar o sentimento de uma enorme solidão de uma mulher. E depois, aquela tristeza a escorrer pelas vertentes do poema, e que já é uma imagem de marca da poesia de Sónia M.

    ResponderEliminar
  18. O tempo não apaga a memória deste belo poema, um poema de antologia.

    ResponderEliminar

NÃO SERÃO PUBLICADOS COMENTÁRIOS ANÓNIMOS