Esta noite tive um pesadelo. Despertava e apenas ouvia silêncio.
Era muito mais que a ausência de sons. Era profundo, apertava cá dentro
como um mau agoiro.
Levantei-me lentamente e dirigi-me à janela. Lá fora as ruas estavam
cheias de gente de braços abertos e mãos estendidas, a olhar o céu.
Pareciam estátuas, ninguém se mexia nem falava.
Os carros não circulavam, as fábricas não produziam, o mundo inteiro havia
simplesmente parado e toda a humanidade estava na rua de braços abertos
e mãos estendidas, a olhar o céu.
Saí à rua descalça, o silêncio incomodava mais do que o frio, que fazia.
Era difícil caminhar por entre aquele aglomerado de gente.
Acabei por andar pouco mais de um metro e parei.
Confusa, tentei perguntar, à senhora ao meu lado, o que se passava,
mas da minha boca não saía um único som!
Por mais que abrisse e fechasse a boca, o único que cuspia era silêncio!
Comecei a sentir os pés molhados. Rapidamente aquela água já me chegava
aos tornozelos! Parecia um rio, que nascia aos nossos pés.
Foi então que reparei que todos choravam, silenciosamente, sem
desviar o olhar do céu.
Elevei o meu olhar e as lágrimas brotaram também dos meus olhos.
O mundo havia mergulhado naquele silêncio triste, sem palavras,
ninguém poderia voltar a falar da beleza das flores. O céu estava encoberto
com uma nuvem gigante e dela caíam milhares de borboletas mortas.
Abri os braços e estendi também as minhas mãos, que a pouco e pouco
ficaram cheias de cadáveres coloridos...
Quando acordei, tentei escrever o sonho imediatamente, para tentar não me esquecer dele.
Acordei incomodada!
Sónia M
Nota: Grata ao blog "Alpendre da Lua" pela partilha deste meu humilde texto.
Acabei por andar pouco mais de um metro e parei.
Confusa, tentei perguntar, à senhora ao meu lado, o que se passava,
mas da minha boca não saía um único som!
Por mais que abrisse e fechasse a boca, o único que cuspia era silêncio!
Comecei a sentir os pés molhados. Rapidamente aquela água já me chegava
aos tornozelos! Parecia um rio, que nascia aos nossos pés.
Foi então que reparei que todos choravam, silenciosamente, sem
desviar o olhar do céu.
Elevei o meu olhar e as lágrimas brotaram também dos meus olhos.
O mundo havia mergulhado naquele silêncio triste, sem palavras,
ninguém poderia voltar a falar da beleza das flores. O céu estava encoberto
com uma nuvem gigante e dela caíam milhares de borboletas mortas.
Abri os braços e estendi também as minhas mãos, que a pouco e pouco
ficaram cheias de cadáveres coloridos...
Quando acordei, tentei escrever o sonho imediatamente, para tentar não me esquecer dele.
Acordei incomodada!
Sónia M
Nota: Grata ao blog "Alpendre da Lua" pela partilha deste meu humilde texto.
O silêncio até em sonhos pode ser agonizante e doloroso..foi mesmo um pesadelo!
ResponderEliminarBeijinhos
Ana
Olá Sónia.M
ResponderEliminarEspero que seja apenas uma ficção, pois se realmente foi um sonho, parece ser o fim do mundo.
Fiquei toda arrepiada e continuando seu sonho: e ali no meio das águas você não conseguia voltar para casa, abraçar os seus pais e filhos...
Beijos
Lua Singular
Me has tenido en tensión con esta surrealista pesadilla...Impresionante tal como lo has narrado.
ResponderEliminarMe ha encantado.
Muy buen Post.
Abraços e beijos.
Aunque, ahora, dispongo de menos tiempo para estar en la blogosfera, siempre habrá un momento para tu Espacio, que me encanta.
Também eu acordaria incomodada por ter tido um pesadelo igual a este. Mas ao acordar, também veria que havia sido apenas um sonho horrivel e que o dia estaria ali, a minha frente e maravilhoso, esperando por mim. Boa descrição amiga. Beijos grandes, Suzi.
ResponderEliminarPesadelo assustador
ResponderEliminarNão me causes sofrimento
Quando o sonho causa a dor
Se transforma num tormento!
Dolorosa aflição
Quando acontece
Castigo sem razão
Muitas vezes me aparece!
Às vezes a sonhar
Me parece alguém prender
Tentando-me libertar
Sem que o consiga fazer!
Desejo uma boa noite para você,
amiga Sónia, sem pesadelos,
um beijinho
Eduardo.
Olá Sónia,
ResponderEliminarOs pesadelos ....matam os sonhos.
O silêncio? Dá vida ao sonho. Mas este silêncio...
Beijinho
Intenso, Sónia!
ResponderEliminarJung dizia que o inconsciente de vez em quando se vinga de nós, em sonhos.
Ótima sexta para você!
No me gusta las pesadillas, lo pasó muy mal, pero creo que tu has sabido muy bien plasmar el sueño.
ResponderEliminarBesos guapa
Que o mais brilhante Luar de Prata
ResponderEliminarApague teus pesadelos...
E Ilumine os Sonhos mais Belos!
Quem é vivo sempre aparece!
ResponderEliminarOlá bom dia Sónia, necessariamente a ausência traz com ela mais saudades, não de pesadelos, mas de sonhos lindos!
BOM FIM DE SEMANA.
Sónia,
ResponderEliminarEsse sonho parece-me pleno de significado(s).
Já pensou consultar alguém que domine a interpretação de sonhos?
Beijo :)
Olá!Boa tarde!
ResponderEliminarSônia
Tudo bem?
nada né? com esse pesadelo. Ninguém gosta muito, às vezes, eles entram no meio dos sonhos e misturam aquele sono dos bons com alguns sustos.Dizem que eles vêm do seu inconsciente. Lá estão guardadas as memórias que você adquiriu ao longo da vida, e com certeza, são plenos de significados.Pessoal.
Meu carinho!
Belo final de semana/carnaval/feriadão, etc
Beijos
Olá, boa tarde :) Dizer e saber que talvez você já nem se lembre mais de mim eu diria que tornou-se algo até aceitável... Eu reconheço que sumi, e erradamente por sinal. Eu devia ter vindo aqui me explicar ou ter feito uma postagem exclusiva informando o motivo, já que no post inaugural do “Essência da Palavra” eu havia dito que falaria quando resolvesse dar “CLOSED” ao blog. Contudo, ele nem eu morremos... (risos) Estive mega atarefado com os estudos e, quando já não mais estava, meu computador deu problema, quando enfim concertou, a assinatura de internet foi cancelada e com isso tive que me manter distante. Agora tudo parece estar em ordem e espero que a amizade continue, estarei mais presente agora (ou tentarei, talvez!) e com uma frequência de postagem fixa. Já trago novidades, te aguardo no meu cantinho. Um forte abraço e deixo meu muito obrigado!
ResponderEliminarQuerida amiga
ResponderEliminarHá sonhos
que nos amedrontam,
e as vezes
parecem ter acontecido.
Que em teu coração,
a alegria faça morada...
Querida amiga
ResponderEliminarHá sonhos tão reais
que parecem
realmente ter
acontecido...
Que em teu coração,
a alegria faça morada...
Gostei da tensão, do clima denso. Bjo
ResponderEliminarOlá Sonia querida,
ResponderEliminarÉ sempre muito bom vir aqui, neste teu espaço tão agradável.
Pesadelos incomodam, mexem de alguma forma com os mistérios que carregamos. Adorei a narrativa.
Um beijo grande!
Este texto da "poeta" Sónia M, que, ao nível das influências literárias, quer pela opção temática, quer pela desconstrução do real e da subversão da narrativa, acusa influências de Kafka e das correntes surrealistas, enquadra-se perfeitamente nas tendências estilísticas dos novos autores portugueses da era pós-Saramago.
ResponderEliminarRespondendo à autora, a agradecer-lhe a amabilidade, disse-lhe que este seu pequeno texto marcava um degrau na escalada do seu percurso literário, que assim ensaiava novas formas de expressão e avançava para a descoberta de novos temas.
Um percurso que, não só o Alexandre tem acompanhado de perto, como também lho agradeço, por não permitir que as minhas mãos se encham de cadáveres coloridos... Obrigada.
EliminarAcordámos todos, com este pesadelo enigmático e denso...
EliminarQue pesadelo terrível.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria
Prefiro os sonhos acordados
ResponderEliminarmas o texto é excelente
Um pesadelo muito bem (d)escrito!
ResponderEliminarBeijinho , Sónia!
Bom dia Sónia M
ResponderEliminarPassando para agradecer o comentário no meu blog.
Que tenha um dia abençoado
Lua Singular
Hola Sónia, buenas tardes,
ResponderEliminarhe vuelto de mis vacaciones y pasé a leerte,
una gran historia, contada con la magia y la fantasía de aquellos que nacieron para escribir.
Te deseo un gran dia
ah y por las dudas si no vuelvo,
Feliz San Valentín! ♥♥♥♥♥♥♥♥
Boa tarde o céu por aqui hoje, escalda, um verdadeiro pesadelo com os incêndios que não param :( Lembrei-me deles (bombeiros, quando voltei a reler (e é sempre um prazer relê-la) este pesadelo.
ResponderEliminarBeijo enorme.
Em Portugal tudo arde e tantas vidas se perderam já...demasiadas.
EliminarTodos os anos a mesma coisa...
Beijo grande.
minha querida Sonia , já sabe que adoro tudo o que escreve quer em verso ou prosa, este pesadelo até a mim conseguiu arrepiar,e também não gosto destas experiências poi parece que fico há espera de que algo corra mal, um abraço bem apertado e continue a dar largas a esse " DOM tão especial"
ResponderEliminarEtelvina, gosto tanto de ter por aqui...
EliminarAcho que o nosso inconsciente por vezes nos pregas partidas.
Obrigada.
Beijo doce.
Arrepiante e intenso! Tão bem escrito e descrito que no fim olhei para cima e à minha volta em busca de borboletas mortas. FELIZMENTE NÃO HAVIA NENHUMA!
ResponderEliminarFelizmente não havia nenhuma, Conceição. Sinal que ainda temos capacidade de quebrar o silêncio e que as borboletas ainda habitam os jardins...
EliminarBeijo grande.