16 junho, 2012
Pastelaria - Mário Cesariny
MÁRIO CESARINY, in NOBILÍSSIMA VISÃO (1945-1946), in BURLESCAS, TEÓRICAS E SENTIMENTAIS (Ed. Presença, 1972)
PASTELARIA
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
(retirado daqui https://www.facebook.com/photo.php?fbid=397571240278646&set=a.114014221967684.7650.112890882080018&type=1&ref=nf)
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É bonito e é verdade, há muita gente a comer o que os outros produzem!
ResponderEliminarO meu abraço
António, isso ontem não importou nada! Afinal fomos todos ver a bola e não é que ganhamos e tudo?!
EliminarUm abraço
Yo adoro los pasteles. En el fondo su frase tenia toda su razón.
ResponderEliminarBesos
Sí Anna, los pasteles, hay algo más rico que eso?
EliminarBesitos
Muito bom minha amiga,,,um belo sábado pra ti...beijos.
ResponderEliminarUm beijo Everson.
EliminarGrata pela visita :)
felice fine settimana a te...ciao
ResponderEliminarGrazie Giancarlo :)
EliminarOlá!Bom dia!
ResponderEliminardeixo lhe:
...Não importa o que o mundo diz a teu respeito...
O importante são seus sonhos.
Não importa o que você é...
Importa o que você quer ser.
Não importa onde você está...
Importa para onde você quer ir.
Não importa o porquê...
O importante é o querer.
Não veja, olhe...
Não escute, ouça...
Acredite naquilo que você quer.
E não adianta você sonhar se você não lutar.
Afinal, o que importa?
...Você importa."
Obrigado pelo carinho da visita!
Bom final de semana!
Beijos
Importo eu e você...e aquele e o outro!
EliminarNo final importa tudo e todos!
Obrigada Felisberto
Beijo
Cesariny e a sua irreverência encantadora!
ResponderEliminarFantástico.
Bom fim de semana, Sónia
Beijinhos
Obrigada pela visita, aqui à Pastelaria de Cesariny!
EliminarBeijinhos
Rs.
ResponderEliminargosto desta irreverencia.
(bom humor me encanta)
....e que vc tenha um "bom-amor"
neste fim de semana pra sorrir muito.
Beijo
Margoh sorrir é a melhor terapia, contra todos os males...
EliminarBeijo
Me desculpa tudo interessa,
ResponderEliminarExcepto a doença e a morte
Caminhando devagar sem pressa
Para tudo é preciso ter sorte!
Não sou político nem crítico
Sou cidadão que ama sua Pátria
Sou contra a quase tudo isto
Defensor do que faz falta!
Sou português,
Do coração alentejano
Sincero camponês
Falo verdade ninguém engano!
Leite azedo para os pobres
Que o ajudavam a produzir
Porque tinham menos cobres
Da miséria não podiam fugir!
Bom fim de semana. Adorei seu poema.
Um beijinho
Eduardo.
Na pastelaria não há pobres...
EliminarTal como o meu nome não está neste poema.
Um abraço Eduardo :)
OI SONIA!
ResponderEliminarRIR DE TUDO,NEM SEMPRE É POSSÍVEL, MAS QUE RIR É UMA TERAPIA, ISTO É.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Sem dúvida!
EliminarSeja bem vinda Zilani!
Abraço
cesarany o irreverente....
ResponderEliminargostei!
beij
Aprecio bastante!
EliminarObrigada pela presença Piedade.
Beijo
Sonia querida,
ResponderEliminarPerfeita é esta tua maneira de escrever. Uma critica inteligentemente escrita com este "que" de ironia que só encontro em você.
Magníficos versos!!
Parabéns minha linda, por tanto talento!!
É sempre muito bom vir aqui.
Beijos...beijos...
Elzinha, o talento é de Mário Cesariny, não meu!
EliminarBeijos e obrigada pela visita :)
Uma históia exemplar
EliminarNa minha aldeia, no Alto Douro Vinhateiro, houve um homem, um pobre camponês, que enriqueceu subitamente com o negócio do volfrâmio, um negócio florescente durante o período da Segunda Guerra Mundial. Liberto da miséria, que lhe enegrecera a vida, resolveu vingar-se do destino, e começou a ostentar o que agora se designa por sinais exteriores de riqueza. Mandou fazer fatos por medida no alfaiate da vila de Carrazeda de Ansiães e, pela primeira vez, começou a usar sapatos engraxados. Fazer o nó da gravata era uma autêntica tortura, que só era compensada com o prazer lúdico de colocar no bolso da lapela do casaco a caneta de tinta permanente, que lhe custara uma fortuna, mas que se revelara completamente inútil na sua mão de dedos grossos, calejados pelo duro trabalho da enxada.
Nas feiras da vila, passeava-se de maneira ostensiva, copiando os tiques dos ricaços.
Para fazer sobressair a sua notoriedade, fez constar que iria fazer uma viagem ao Porto, cidade mítica no seu imaginário, embora não fizesse a mínima ideia da sua localização geográfica. Nem sequer sabia se era longe ou se era perto. Apenas sabia que a viagem não podia ser feita a pé, o que obrigava a utilizar o comboio. E assim foi. Num belo dia, meteu-se num carro de aluguer, que o transportou à estação do Tua. Comprou o bilhete de primeira classe, que era a classe dos ricos, e quando pousou o pé no estribo da carruagem, pensou para os seus botões que também estava a subir mais um degrau no seu novo estatuto social. Dentro da carruagem, o silêncio era absoluto, ao contrário do que acontecia nas carruagens de 3ª classe, que até galinhas, atadas pelos pés, levava. Sentou-se ao lado de um passageiro, que lia atentamente o jornal, e dando uma olhadela de relance por toda a carruagem, apercebeu-se de que a maioria dos restantes passageiros também se encontrava a ler. Tal como a ideia lhe veio de repenteà cabeça, também o impulso de se levantar para ir lá fora comprar um jornal foi instantâneo. Já de regresso, voltou a sentar-se no seu lugar, e empinou o jornal na frente dos seus olhos, para o começar a sua leitura.
O passageiro do lado, entre um olhar de espanto e um sufoco para impedir o riso, resolveu amavelmente intervir:
- Desculpe, cavalheiro, por interrompê-lo. Verifico que está a ler o jornal às avessas!
O homem, apanhado assim de surpresa, por tal interpelação, fechou repentinamente as folhas do jornal, como se estivesse a dar uma palmada, deu um pequeno esticão ao corpo e às pernas, sinal que nele significava determinação, e retorquiu, sem gaguejar:
- Pois o difícil é lê-lo às avessas. Lê-lo direito, toda a gente o lê...
Esta história Alexandre, não sei se se passou na sua aldeia, se na minha!
EliminarOu haverá histórias parecidas na aldeia de todos, digo eu, que raras vezes sei o que digo!
Beijo
Claro, Sónia, que sabe o que diz, como diz e quando diz. Todos nós, embora vivamos na cidade, temos agarrados aos pés a terra da aldeia. De nada vale etiquetármo-nos por classes e por categorias sociais, pois todos nós somos descendentes dos mesmos símios e dos mesmos hominídios. Esta evidência antropológica exige de cada um de nós uma dose elevada de mais humildade.
EliminarA humanidade permitiu-se ser arrogante pelos seus feitos, ao longo do tempo, foi perdendo toda a sua humildade...mas está a voltar o tempo dela, Alexandre. Eu acredito que sim. Embora não volte pelos melhores motivos, serão talvez os piores.
EliminarAndo sempre baralhada! Troquei o horário dos comboios...acho que não achei o primeiro e já tinha o passe pago, peguei o segundo que era o primeiro, e apeei na lua, onde já nem sei o que comentei (ou sei)! Mas aqui cheguei...atrasada, já me sentei, comi só um pastel pois já tinha bebido o café no alpendre. Devo eu dizer...que por esta história também já eu passei...talvez (e certamente) por ela vou voltar a passar mas com uma outra forma de a olhar.
EliminarBeijo Sónia (gostei do passeio pelas ruas de Antuérpia)
Beijo Alexandre
A culpa da baralhação de hoje é do fuso horário Maria!
EliminarQue feliz que eu fiquei com a sua companhia aqui pelas ruas!
Beijos
Maria: O café do Alpendre da Lua está sempre à sua disposição. É só entrar e servir-se.
EliminarUm beijinho também para si.
Para que a Sónia não venha reclamar, como aconteceu com a flor, envio esta mensagem em duplicado.
Um beijo também para a Sónia.
O Alexandre é todo um cavalheiro, não haja dúvida!
EliminarUm beijo para os dois :)
E amanhã há bola?
EliminarBeijo doce em duplicado, de orelha a orelha a todos que aqui estão (:
Pois Maria! E amanhã há bola!
EliminarBeijo doce, que aqui hoje é só doçura! :)
Belíssima memória
ResponderEliminarBeijo :)
EliminarDentro de um pastel
ResponderEliminarmordido por dentes brancos
tem muitos mistérios
muitas alienações
dentro de uma pastelaria
repletas de paletós em branco
tem muitas simulações
muitos corações despedaçados
muitos pastéis devorados
por dentes brancos
e alma perdidas famintas
de amor...
Belo poema poeta
Luiz Alfredo - poeta
Belo o seu poema Luiz !
EliminarGrata pela partilha :)
Um bom domingo pra ti minha amiga e uma excelente semana repleta de poesias e muitas flores...beijos e beijos.
ResponderEliminarObrigada Everson!
EliminarQue a poesia invada também a sua semana.
Beijo
O que importa é ser feliz. A frase é popular, mas é verdadeira.. Lindos versos..
ResponderEliminarBjos.
O que importa é tudo...porque tudo importa!
EliminarBeijo