19 março, 2023

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é precisa uma faúlha de paz 

na língua do caos.

deslizar um dedo 

pela espinha do destino

sabendo-te dele

pele que sustém.


seguir por entre a poeira

ainda que tudo se confunda

e o lugar pareça uma musa em ruínas 

de mãos abertas a chamar por ti.


é preciso ser:

quando não tens nem és;

quando tens sem ser; 

quando és o que tens;

quando não tens o que és


até que o significado se perca 

e então, tenhas que decidir

- como quem finalmente se vê 

e se sabe - até quando?


©Sónia Micaelo


*

Fotografia, ©Nuno Clavinas

4 comentários:

  1. Poema deslumbrante que me fascinou ler
    Domingo feliz

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  2. O mais é achar-te, sem sair a procurar-te. Quando se quer. Ou nunca mais.
    Estranhava o teu silêncio mais demorado!
    Um abraço,

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