06 junho, 2022

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esta noite não sonhes

a sombra da dor sulca ainda o leito

e as mãos no corpo devem ser mais 

que um lesto beijo na boca deste desamparo


a pele será sempre o véu de veneno

que entorpece os sentidos

como um vinho bom a descer pela garganta da morte

e entre o penúltimo e o último trago 

à sorte sorri e se evapora


quem me salvará da alvorada?

- ter a eternidade dum sonho pleno

e seguir viagem de mãos vazias...


©Sónia Micaelo 


(Texto e imagem)

6 comentários:

  1. Gosto da sua "máquina do sonhar" que converte o real em memória para o leitor; gosto deste seu poder nomeador e iluminador da linguagem.
    Um abraço, Sónia!

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  2. Boa tarde Sónia,
    Um poema muito belo que reflete alguma desilusão.
    Que a esperança permaneça sempre, bem viva, no coração.
    Beijinhos,
    Ailime

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  3. Belíssima poesia que me emocionou. Me representa.
    Parabéns!.
    Abraços.

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  4. Leio no texto algo de angustiante que obnubila a alvorada e confere medo pela vida.
    Abraço amigo.
    Juvenal Nunes

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