04 setembro, 2014

Chovo - Lília Tavares

Chovo
sentada dentro de mim.
Foste e contigo a tua pele
que me secava as lágrimas de silêncio.
Contigo foram as mãos, o abraço,
o beijo lavado e inteiro.

Da minha gruta já é doloroso sair.
Os meus olhos, outrora largos,
apertam-se para fugir à chama agressiva.
Estou fria e desabitada.
Vem.
Aqui o tempo partiu do tempo.
Só tu podes consertar os ponteiros despedaçados da
memória.
Contigo os ventos virão
e as aves que tinham desistido,
vão nidificar de novo no meu colo.


Lília Tavares, in Parto com os Ventos


Imagem de Sophia Alexis

http://www.flickr.com/photos/sophiaalexis/8701389195/in/photostream

4 comentários:

  1. Um belíssimo poema de Lília Tavares. Tantas vezes chovemos para que
    a seguir possamos ser capazes de brilhar como o sol.
    xx

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  2. Ola Sonia,
    Poxa fazia tempo que não vinha por aqui.
    "Quando conhecemos o método de restabelecer a harmonia interior.
    Quando reconhecemos a necessidade de limpar a consciência, os pensamentos e os sentimentos,
    conseguimos dançar a dança da alma.
    A dança espiritual é o jogo das virtudes com os pensamentos.
    Dos motivos divinos com sentimentos puros.
    Da consciência elevada com julgamentos puros, precisos e perfeitos.
    Um belo poema, profundo e intenso.

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  3. sem palavras , a tua poesia extravasou em imagens em sons em tudo estás hipnotizante em toda a tua lírica

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    1. Grata pelo comentário, Jorge. Mas este poema é de Lília Tavares.

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