Não sei palavras que sirvam
para atenuar o peso dos lugares vazios à mesa - a doer nos ossos - de quem ao lado se senta a sentir a ausência.
Não existem palavras, ou fórmulas mágicas, que nos salvem das tragédias da vida.
Eu não as tenho, nem nenhum de nós as tem.
A vida está para o verbo perder, como o verbo perder está para vida.
Dizer, o que quer que seja, parece inútil.
Eu não as tenho, nem nenhum de nós as tem.
A vida está para o verbo perder, como o verbo perder está para vida.
Dizer, o que quer que seja, parece inútil.
Porque nada que eu diga, mudará
uma vírgula no que acontece no mundo.
Não parará, certamente, a guerra.
Nem estancará a tua dor.
Nada impede o frio da cidade.
Nem os cobertores distribuídos, perfumados de bem-querer,
resistem às temperaturas da noite, por quem adormece no chão,
na esperança de um amanhã.
Nem os cobertores distribuídos, perfumados de bem-querer,
resistem às temperaturas da noite, por quem adormece no chão,
na esperança de um amanhã.
Observo e sinto todas as solidões, a que somos submetidos - a descrença, os julgamentos precoces, a violência gratuita, o xenofobismo - e descubro palavras que, independentemente da religião, ou da força que nos move, todos partilhamos.
Porque todos as somos - espírito, luta, alma, esperança - todos!
É quase Natal.
E a magia do Natal confunde-se com a azáfama das prendas. E com as pequenas hipocrisias que cometemos, numa tentativa de espiar pecados.
A consciência da época, que perdemos ao longo do ano.
O ser por todos o que ninguém é por ti.
A utopia à venda. De barbas brancas, tentando sobreviver ao esquecimento,
grita nas ruas iluminadas - OH OH OH!
É quase Natal.
E a magia do Natal confunde-se com a azáfama das prendas. E com as pequenas hipocrisias que cometemos, numa tentativa de espiar pecados.
A consciência da época, que perdemos ao longo do ano.
O ser por todos o que ninguém é por ti.
A utopia à venda. De barbas brancas, tentando sobreviver ao esquecimento,
grita nas ruas iluminadas - OH OH OH!
É quase Natal.
E nada impede o frio da cidade.
Mas um pequeno gesto, centelha a lembrar ternura, é o que impede o frio de entrar em mim.
©Sónia Micaelo
(Texto e imagem)
Deslumbrante, fascinante de ler
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BOM FIM DE SEMANA ... FELIZ NATAL.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Quase Natal! E este olhar pisca seu click e converte o real em linguagem. E mostra a força do poder nomeador e iluminador da linguagem e, à revelia de si mesma, atua como ponto de luz na transfiguração do instante.
ResponderEliminarBelo poema, Sónia!
Um Natal de muita paz e saúde!
Desejo que todos tenhamos saúde e paz. Que nunca nos falte a alegria de viver, o bom senso, a humildade, a solidariedade, a compreensão e a união, etc..
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É outra vez Natal ...
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Um beijo/abraço fraterno a quem de direito. Sejam muito felizes hoje e sempre. Um 2023 cheio de positividade.
Buon Natale a te e a tutti coloro che porti nel cuore.
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