A estrada principal atravessa a freguesia,
qual tronco de árvore, com poucos ramos a este e a oeste
imitando as ruas de pararelo irregular.
E eu folha caduca , assombrada por dias uniformes.
Com alguma sorte sobraria tarde para a solidão,
antevendo sem nexo o lugar da queda.
qual tronco de árvore, com poucos ramos a este e a oeste
imitando as ruas de pararelo irregular.
E eu folha caduca , assombrada por dias uniformes.
Com alguma sorte sobraria tarde para a solidão,
antevendo sem nexo o lugar da queda.
A seguir à missa, o almoço. E a hora das visitas;
os avós, as tias, os padrinhos.
Por entre as conversas dos adultos,
" És a mais nova.
os avós, as tias, os padrinhos.
Por entre as conversas dos adultos,
" És a mais nova.
Esperas pela tua vez para falar.
E quando chegar a tua vez, calas-te!",
escapulir-me até à casa da "J".
Falar ao desbarato, opiniar sobre tudo.
Ouvir, mutuamente, descobertas de uma curta existência.
E quando chegar a tua vez, calas-te!",
escapulir-me até à casa da "J".
Falar ao desbarato, opiniar sobre tudo.
Ouvir, mutuamente, descobertas de uma curta existência.
Gravá-las como segredos numa cassete,
e enterrá-la como um tesouro, na sombra de uma oliveira.
e enterrá-la como um tesouro, na sombra de uma oliveira.
E esperar...que um vento inverso venha punir a rotina,
fumando o cigarro que roubámos ao pai
como quem fuma a seguir ao sexo,
ignorando que a vida nos atravessa ao contrário.
Primeiro o orgasmo. Depois a saudade.
Primeiro o orgasmo. Depois a saudade.
©Sónia Micaelo
Memórias da primeira gaveta
(Excerto)
Memórias da primeira gaveta
(Excerto)
Fotografia, ©Nuno Clavinas
Poema fascinante de ler. Grato pela partilha.
ResponderEliminar.
Saudações poéticas e cordiais
.
Poema: “”Luz poética que renasce””…
.
Como é bom ouvir este sotaque (imerso na poesia) para falar dos domingos.
ResponderEliminarTambém bebo da sua palavra a chama.
Um abraço, Sónia!