16 outubro, 2020

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no amor dos poetas
há borboletas a esvoaçar nas entranhas
estrelas a secar lágrimas antigas
almas que se reconhecem sem fala
línguas que absorvem a dor num beijo...

e eu
que a vida toda só senti amargura nos lábios
houve noites que quis ser poeta...

mas nunca senti a borboleta ou a  estrela 
acredita quando te digo
que só a solidão me falou à alma...

mas hoje
da tua voz choveu sol...
nem sei se sabes 
que tens um sol escondido na fala
podia jurar que a alma me dançava nos olhos
e não estava sozinha 

na primeira folha branca que encontrei 
escrevi:

"espero por ti
 como quem espera o sol
 depois da noite mais escura..."

não há nada melhor que uma folha em branco
uma página ou um livro inteiro por escrever

chovia e chovia...
e eu sentia na boca a língua do sol 

por um instante senti as entranhas
e quase quase...me senti poeta.


©Sónia Micaelo 
(texto e imagem)



9 comentários:

  1. Tudo o que escreves é como a música para os meus ouvidos...
    Continua que vais em bom caminho! Podes contar comigo para o realizar dos teus sonhos. Adoro-te ❤

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  2. A poesia como lenitivo para a solidão. Gostei.
    Uma noite descansada.

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  3. Uma lindeza de poema, Sônia. Seu jeito de colocar emoções em palavras é simplesmente adorável. Bjs.

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  4. Poema fascinante. Delicia de leitura.
    .
    Cumprimentos

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  5. Quanta sensibilidade! Nem sempre, a solidão nos rodeia. Há dias, momentos em que nos sentimos sol.
    É poetisa, não tenha dúvidas, Sónia.

    Pensava que já tinha comentado este post, mas afinal, não.

    Abraços.

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  6. Belissimo Poema Sónia!
    Gostei muito do fino recorte poético e das imagens deliciosas que criaste!
    Eu direi apenas, que és um sol nocturno que acendeu a noite para eu te ver!

    Um abraço!
    A.S.

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  7. Trata-se de um poema que enche o coração de amor. Um poema com muitas "vibrações líricas", onde, também, não falta a referência à dor que o amor transporta.

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  8. Um forte aplauso. Belíssimo!

    Um beijinho, Sónia :)

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