11 maio, 2020

 



Procuro nos teus olhos 
a fibra do verbo 

algo que diga amar 
frente ao abismo de um verso desfeito 

entro inteira na imagem onírica 
 que o espelho devolve 

uma superfície de brumas teima 
 em estender-se pelo corpo 
mas todo o meu sangue se acende 
no grito da ave faminta 
que por ti chama. 

As tuas mãos, meu bem, as tuas mãos... 

o desígnio, a flor do instante 
onde um deus insano 
tece um poema tardio 
e vem beijar o meu peito em ruínas .

*

Sónia Micaelo, 
in "SER MULHER III" 
Vários Autores | Edt. Mosaico de Palavras ( a editar, Outubro 2020)

*

Fotografia de Laura Makabresku

2 comentários:

  1. Boa tarde Sónia,
    Tão belo o seu poema. Adorei as metáforas deste magnífico poema de amor.
    Poesia pura.
    Beijinhos,
    Ailime

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  2. De mãos cheias
    o amor acontece
    à hora dos pássaros
    Bj

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