27 setembro, 2016

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Acende para mim uma luz, que o caminho é escuro
e nenhum verso te encontra.
- A luz mais lavada, que nos olhos me abra
uma certeza maior, que a da solidão da folha.


A mim, que nunca um deus me falou
basta-me saber da aranha para acreditar na teia, 
ouvir o trovão para saber da chuva.
E em tudo isto acredito. 

Ensina-me, se souberes, a rezar a todos os deuses.
Que eu só sei falar ao vento, das estações que depressa passam. 
De joelhos, como quem reza ou suplica,  deixarei uma prece
 aos pés da pedra. Farei de tudo, bem vês, que os meus frágeis ossos, 
não suportam mais o peso, da ilusão que escorre pelas paredes da casa.


- Acende para mim uma luz,  que  já nenhum verso a encontra. 
A luz mais lavada, a mais pura.
Acende...e que seja verde.
Uma luz a mover corações de pedra.


Texto e imagem , 
Sónia M





13 comentários:

  1. Eu vejo, entendo, mas não me basta. Quero mais, tem que haver muito mais, só assim as coisas poderão fazer sentido...
    É um pedido e tanto, Sónia, esse de "...Acende para mim uma luz, que já nenhum verso a encontra". Mas a Sónia tem o essencial a lucidez. O resto vem por acréscimo.

    Gostei muito!

    Um beijinho :)

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  2. «A mim, que nunca um deus me falou,
    basta-me saber da aranha para acreditar na teia...»

    Lapidar, Sónia.

    Abraço

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  3. Acreditar naquilo que já se viu e de que se tem a certeza, não é proeza nenhuma.
    Acreditar em Deus e ter fé, é mesmo uma grande proeza. Porque acreditar é não ter a certeza.
    Já tentei acreditar, mas continuo agnóstico que nem uma pedra...
    Proeza, isso sim, a que interessa aqui, afinal, é fazer poesia desta envergadura.
    Parabéns pela excelência deste teu poema.
    Mas também gostei da foto.
    Sónia, tem um bom resto de semana.
    Beijo.

    PS: já há muito tempo que aqui não vinha... perdemo-nos algures no tempo... mas gostei de voltar.

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  4. Não creio mas acredito
    que todos somos eminentemente religiosos
    mesmo sem um deus
    Bj

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  5. Muito bom! Filosofia, verdade, poesia...
    Um abraço

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  6. Todos nós andamos à procura dessa luz que não conseguimos ver, mergulhados que estamos na escuridão da cegueira de todos os infinitos.
    Belo poema, Sónia. Digno de poder figurar em qualquer antologia poética.

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  7. "nenhum verso te encontra", Sónia. Espero que todas as luzes do universo se acendam, para iluminar os caminhos a todos aqueles que te procuram.

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  8. Gostei de reler o teu excelente poema.
    Mas faz e publica mais...
    Sónia, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  9. Mesmo não acreditando
    uma prece um sussurro
    pode mudar o destino?
    Quem sabe se a folha só
    no desamparo nega
    a solidão e cai
    num afago de mãos?

    Gostei do teu poema.
    Bj.

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  10. há um deus por dentro...
    onde somos firmamento.

    (das estrelas nascemos e a elas pertencemos
    como este poema que luz é.)

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