Não sei o que me falta ainda dizer-te,
ou se aquilo que digo, o digo vezes que
cheguem.
Estes últimos anos tem sido tudo à
míngua.
As palavras, as idas à horta, para
colher a alface fresquinha,
as risadas à mesa, as sobremesas da
mãe, os abraços...
Ai os abraços!...(e eu que estou tão
longe...)
Faltas-me. Faltas-me sempre.
Uns dias mais que outros.
Hoje o sangue gritava mais alto e o
peito apertava,
por não te ter, ali ao virar da
esquina.
Estava frio, mais que ontem. Estes dias
são sempre mais frios.
Voltei a apanhar-me a rezar ao Tempo.
Não a Deus, mas ao Tempo.
Não ao tempo, que faz, mas ao Tempo
que tenho.
É a ele que elevo as minhas preces.
Peço mais tempo, para mais palavras,
mais idas à horta, mais risadas à
mesa, mais sobremesas da mãe, mais abraços...
ainda que tudo à mingua... (e eu que
estou tão longe...)
Aprendi contigo, que nós não passamos
pelos dias,
são os dias que passam por nós. Que o
dia deve passar inteiro,
e nós devemos permanecer de pé. É
isso que realmente conta,
estar ainda de pé, depois do dia
passar. Agarrar-se ao que seja, mas ficar firme, direito!
“Enquanto eu for vivo, não cais”,
dizias (e sei que ainda dizes).
Hoje agarrei-me à nossa última
memória juntos,
quando num gesto apressado me
estendeste a mão, mais uma vez,
e a apertaste com força.
Enquanto te
escrevo, ainda sinto a tua mão na minha,
a tentar desfazer esta maldita distância.
Agora que o dia já passou, quero que saibas, Pai, que passou por nós de mãos dadas...
Sónia M
Fizeste um Hino!
ResponderEliminar- E, Ele, será sempre cantado!
BEIJO.
Forte e delicado.
ResponderEliminarAbraço
UN TEXTO LINDISIMO!!!
ResponderEliminarABRAZOS
Um lindo texto. O meu também me falta, e tenho tantas saudades.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo
um poema sinfónico - muito belo.
ResponderEliminarbeijo
uma bonita homenagem.
ResponderEliminardeixo o meu abraço.
um beijo
:)
Intenso, preciso e com a delicadeza que caracteriza, tudo o que escreves!
ResponderEliminarLindo, doce Sônia!
Uma ótima semaninha pra ti!
pai, afasta de mim esse cále-se... b. l.
ResponderEliminarBelíssima carta ao teu pai! E tão grande essa saudade das idas à horta,
ResponderEliminardas sobremesas da mãe, das risadas, dos abraços.
"A saudade é uma estrada longa", como diz a canção,
e o tempo da distância parece sempre longo demais.
Continuas "em forma", Sónia!
xx
Cartas, quem as não tem! E quando são de pessoas muito amadas, fazem-nos rolar pelo rosto uma lágrima de alegria! Tudo de bom para a família! O MEU ABRAÇO.
ResponderEliminarNão há morte nem princípio
ResponderEliminartudo se move
Bj
Olá, Sónia.
ResponderEliminarEste poema é um grito.
Apetece-me gritar, gritar ao Tempo, gritar a Deus. Gritar.
"Faltas-me sempre." - e tanto!
Tanto que a saudade nos mata, e o tempo se encolhe e ela não.
bj amg