11 junho, 2012

Quanto vale um sorriso?

Dissertação sobre a leveza da consciência...
À Sónia M
a "poeta" dos sentidos


Nem quando o sol irrompe pela janela
tu deixas de falar das nuvens e da chuva
como se essa cidade, onde vives,
tivesse sempre um céu pesado, da cor do chumbo.
Navegas no teu tempo de desconforto
fome das palavras que não chegam ao seu destino
como quando tropeçaste naquela criança abandonada,
a quem adiaste a morte,
num calendário incerto, que não dominas.
E o teu remorso, pela nobreza do teu gesto,
devolve-te a consciência à luz do dia
de que apenas te salvaste a ti própria,
no resguardo da memória.
A Humanidade, essa de que falas com vergonha,
numa acusação de revolta, que o teu grito rasga,
já se encontra condenada e irremediavelmente perdida.


Alexandre de Castro
Lisboa, Junho de 2012

http://alpendredalua.blogspot.be/2012/06/anotacao-do-tempo-dissertacao-sobre.html


Fiquei no tempo suspensa,
deslumbrada pelo momento
em que me soube eterna
nas memórias do poeta!
Quanto vale um sorriso?
Ou dar à alma o que é preciso?
E uma vida, quanto vale?
Enquanto eu transpiro alegria
Lá fora uma mãe chora
pela criança que morre faminta.
Mas nem a chuva ou o céu pesado
me roubam a ternura do momento.
Nada...nada importa!
Onde está a minha consciência agora?
Sónia M


Os meus agradecimentos a Alexandre de Castro ,
 por colocar o meu nome na eternidade de um poema!

7 comentários:

  1. Quando a sensibilidade se solta, as palavras, cúmplices, vêm à tona com cores de partilha.

    Beijo :)

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    1. E a cumplicidade das palavras é grandiosa!
      Obrigada AC
      Beijo

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  2. No meio toda desta humanidade condenada e previamente perdida, é bom encontrar seres humanos que trocam afectos desta forma deliciosa.

    Gostei (pois)

    Beijos ao Poeta e à Diva Poetisa.

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    1. No meio de toda a perversidade desta humanidade, sabe tão bem encontrar pessoas como a Maria...
      Ainda bem que (pois) gostou!
      Beijinhosssssssss

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  3. Uma nota perdida na anarquia do meu arquivo trouxe-me até aqui.
    Que saudade!... Que saudade da claridade dos dias e do rectilíneo recorte das madrugadas redentoras!...
    Sinto que me esgoto na reverberação da luz da memória...



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    1. Só tenho medo de perder uma coisa, Alexandre - a memória.

      Beijo e bom domingo.

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    2. A memória é a nossa âncora, que liga o passado, o presente e o que há-de ser futuro. Sem essa perspectiva da dimensão do tempo, seríamos moluscos invertebrados, sem consciência plena da existência. E a poesia é também a exaltação da memória.

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